O mar é a religião da Natureza
Fernando Pessoa.
Pela primeira vez na sua obra, Fernando Gaspar deixou-se invadir pela vastidão do Mar inspirador e pintou e esculpiu a sua visão plástica daquele que é o principal elemento do nosso planeta.
O Mar, expresso em toda a sua plenitude, num conjunto harmonioso de cor e equilíbrio, que nos remete para o seu papel moderador da vida e inspirador e sagrado para a maioria dos povos da Terra; o Mar, essa fonte inesgotável de recursos, que abriu novos mundos ao Mundo e nos embala coletivamente num sonho sublime, quando nele repousamos o nosso olhar e nos perdemos na vastidão do horizonte.
Neste conjunto de 28 obras, Fernando Gaspar consegue transmitir-nos o efeito cíclico do movimento sincronizado das ondas e das marés, num bailado que se sucede, deixando ao nosso critério a interpretação das formas que quase sempre se agregam em torno do modelo do casco de uma embarcação, que dá corpo e linguagem a toda a exposição.
Numa combinação cromática onde predomina o azul, o artista remete-nos ainda para a fusão do horizonte, onde o Mar se confunde com o Céu, e nos conduz ao efeito do infinitamente perfeito, que simultaneamente nos desafia e nos enche de inspiração.
Finalmente, uma nota para sublinhar que é também oportuna, esta mostra, na medida em que, de certa forma, traduz um reencontro feliz da Fundação Engº António Pascoal, e do seu instituidor, com as suas origens e com a vontade expressa de perpetuar esta ligação ao Mar.
Paulo Ramalheira